Nos últimos anos temos assistido ao crescimento no nosso país das Academias Corporativas (AC) um pouco por todo o lado.
Na base deste processo está o reconhecimento da gestão de topo do valor do conhecimento para a concretização da visão, a execução da estratégia e a realização de outras atividades, mesmo ao nível operacional. Mas o que são, para que servem e o que deve ser tido em conta no desenho e na implementação das AC?
Uma AC pode ser definida como um instituto de criação, renovação e disseminação de conhecimento crítico para o desenvolvimento e sustentabilidade de uma empresa.
O conceito evoluiu ao longo dos anos: nos anos 80 e 90 do século passado, dominavam os Centros de Formação cuja finalidade era capacitar os colaboradores e contribuir para que os stakeholders, como clientes e fornecedores, traduzissem na prática a cultura da empresa.
A seguir o foco foi o controlo de qualidade dos processos organizacionais e o desenvolvimento de competências críticas para o desempenho das pessoas.
Atualmente são um instrumento de gestão estratégica, já que ligam o desempenho e o desenvolvimento das pessoas e de outros agentes que impactam na cadeia de valor, como clientes, fornecedores e distribuidores, com a visão e a estratégia de negócio.
As funções das AC são contingentes ao respetivo estádio de desenvolvimento: no primeiro, o foco é a eficiência operacional e a função é a de knowledge broker, já que a maioria dos programas implementados são adquiridos a operadores externos; no segundo estádio, o foco é a eficácia das Unidades de Negócio e a função é a de tactical business partner, já que identifica necessidades de aprendizagem e de partilha de conhecimento e concebe e implementa programas em conformidade; no terceiro, o foco é a eficácia ao nível estratégico e a função é a de colaboração com o top management no desenho e na implementação de programas de suporte à concretização da visão e da estratégia; por fim, a AC torna-se num instrumento de suporte à mudança e ao desenvolvimento de novos conceitos de negócio, sendo por isso uma função muito importante na produção de “novo conhecimento”, relevante do ponto de vista estratégico.
Quanto ao desenho e à implementação é importante ter em conta que a AC deve centralizar todas as atividades de aprendizagem na empresa, ser gerida como uma unidade de negócio autónoma, realizar na prática as iniciativas de mudança, os projetos estratégicos e o desenvolvimento de competências essenciais para o funcionamento da empresa e ser uma plataforma de criação e proteção dos princípios e valores que alicerçam a cultura e a identidade corporativa.
Por fim, deve procurar-se que a AC seja uma ferramenta de “aprendizagem organizada” geradora de mais valias para o processo de formação ao nível da redução de custos, da implementação de estratégias e de conteúdos learner centered, do reforço do compromisso das pessoas e da promoção do employer branding.
Autor: José Duarte Dias
Paradoxo Humano